quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

FELIZ ESPERANÇA: Artigo do Secretário Estadual de Saúde Carlos Lula


Existem pessoas amantes da manhã, do sol, da agitação da vida e que não suportam a hora da solidão noturna. O silêncio, o fim do dia, a quietude pode entristecer alguns corações, mas alegrar tantos outros. Diariamente, há os ansiosos pela aurora e outros pelo crepúsculo. Ambos esperam com base no vir ou ir do sol. A despeito de não desejarem a mudança da paisagem no céu, aguardam com esperança as alegrias contidas naquele período.

Na saúde, a expectativa sobre a passagem de tempo é diferente. Segundos, minutos, horas são períodos de risco – entre a inesquecível alegria e a tristeza irreparável. Sol, lua, chuva ou raios não fazem a menor diferença. A agonizante espera também é amenizada pela esperança. Este sentimento ora está arraigado à fé, ora à capacidade resolutiva de profissionais especializados.

Para o cardiologista escocês, Robert McNair Wilson, a esperança deve ser usada como remédio, mais que qualquer outro medicamento. Isto é, o conhecimento técnico-científico leva em consideração os fatores emocionais como condição de recuperação do paciente, e as usa como ferramentas a favor do mesmo. 

Neste caso, a esperança precisa ser fortalecida pelo efeito ‘contágio’. Nas unidades de saúde, equipes médicas e assistenciais se empenham em envolver familiares e amigos para auxiliar na recuperação dos pacientes, promovendo uma esperança coletiva. Até certo ponto, o sentimento não se preocupa com vida ou morte, mas em fornecer energia e alegria enquanto se está vivo. 

Se otimistas esperam por dias melhores, os realistas esperam viver bem o dia de hoje. Nenhum dos pensamentos exclui a esperança, que na verdade é a expectativa sobre o que ainda não chegou. 

Me permitam aqui lembrar a canção dos Beatles, ‘Here comes the sun’. A balada descreve a esperança pela chegada do sol, que mandará o longo, frio e solitário inverno embora. Saber disso, segundo a música, traz de volta sorrisos aos rostos – promove, no fim das contas, a esperança por outros dias.

Dentro de prédios sem vida, nos setores administrativos e burocráticos, o sentimento também move uma multidão de servidores. A esperança permite um planejamento mais ousado, um investimento mais agressivo, a fim de ampliar, fortalecer e garantir o acesso de todos os usuários do Sistema Único de Saúde do Maranhão, a serviços cada vez mais diversos, que os possa amparar.

A expectativa de atender muitos bebês com microcefalia levou à criação do Projeto Ninar. Para reduzir filas, dores e lesões – aparentemente irreversíveis – houve a inauguração do Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão. Para garantir que grávidas não percam seus bebês, houve a adequação do Hospital Regional de Balsas para maternidade. Apenas três exemplos de novos serviços que são frutos de um planejamento de profissionais esperançosos por estender o atendimento especializado a nossa população. 

Por vezes, o vento é tão frio que faz parecer que o verão não chegará. Mas nunca podemos esquecer que mesmo as notícias mais tristes podem resultar nas mais belas histórias. Cientistas da Universidade de Washington descobriram que, por motivos ainda não compreendidos, o Zika Vírus ataca as células tumorais do glioblastoma, um câncer no cérebro que mata 90% de suas vítimas. Além de frear o crescimento do tumor, o vírus foi capaz de aumentar a eficácia da quimioterapia. Isso não quer dizer que em curto prazo teremos uma solução para esse câncer, mas é uma metáfora clara: o inverno pode até chegar, mas não dura para sempre.

Os riscos, as calúnias políticas e a crise econômica não abalaram os grandes projetos voltados à população na área da saúde no estado. Não tememos nem dia nem noite. Adotamos uma política onde cada instante é valioso para salvar vidas ou para aliviar as dores de quem está se despedindo. Exercitamos nossa esperança em dias melhores perseverando na construção de um Maranhão mais justo e igualitário. A tarefa não é fácil, mas é a esperança que nos motiva. Feliz novo dia!

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