terça-feira, 28 de agosto de 2018

SAÚDE EFICIENTE, por Carlos Lula



“O SUS pode ser eficiente”. A afirmação provoca nas pessoas aquela revirada de olhos. Quase um “me poupe” ou “poupe-se de passar vergonha”. Especialistas acreditam na potencialidade do sistema, já a população pouco acredita. Os gestores, com o SUS diante deles, questionam “como?”. Adianto meu pensamento – acredito que o SUS pode dar certo.

O especialista em Planejamento de Sistema de Saúde, Eugênio Vilaça, defende a eficiência do Sistema Único de Saúde como um projeto de longo prazo. Para ele, a população precisa compreender que o SUS carece de mais recursos tanto quanto os gestores necessitam assumir o aumento da produtividade desses recursos.

Pensemos no seguinte: a população que precisa do sistema tem pouca – quase nenhuma – voz política para exigir do Congresso Nacional melhorias no financiamento do SUS. Dessa forma, as discussões sobre os recursos para a saúde ficam sujeitos aos deputados ou senadores, que diferente de muitos países europeus onde o congressista discute o sistema que atenderá a ele próprio e a seus filhos, -  aqui, discutem o sistema para a camada mais pobre da população, já que nossos representantes são usuários do sistema privado, em sua grande maioria.

Como otimizar então um recurso tão limitado como o da saúde e ainda torná-lo eficiente? Nas assembleias do Conselho Nacional de Secretários de Saúde discutimos este assunto. O caminho - como tenho escrito e dito há muito tempo – é observar as ineficiências e organizar os serviços. Trabalhamos dessa forma no Maranhão, mas lembre-se este é um projeto de longo prazo.

Se queremos chegar a eficiência do sistema, então trilhamos a rota da reorganização. E, mesmo sem aumento do recurso federal para o Maranhão, desde 2014, com a indicação de especialistas, reconfiguramos o atendimento e a distribuição/abertura de serviços com bases nas Redes de Atenção à Saúde, estruturação da Atenção Primária e Atenção Especializada.

Na prática, a abertura de oito novos hospitais é resultado do planejamento técnico, jurídico, financeiro, em atenção à nossa população. Colocamos para funcionar sete grandes unidades de forma regionalizada, distribuída em diferentes localidades do nosso estado. Para lembrar, estão em Chapadinha, Bacabal, Caxias, Santa Inês, Pinheiro, Balsas e Imperatriz. Em São Luís, inauguramos o Hospital de Traumatologia de Ortopedia do Maranhão. Reduzimos consideravelmente o êxodo de pacientes para a capital, ampliamos o acesso à média e alta complexidade, acabamos com vazios assistenciais nessas localidades.

A Planificação da Atenção Primária nos municípios de Caxias, Timon e Balsas também faz parte dos investimentos que nos trarão maior eficiência. Diferente do que muitos pensam, a saúde gerenciada pelos municípios é a linha de cuidado mais importante para nossa população – ou deveria ser. Pense na Unidade Básica de Saúde perto de casa, que consegue atender demandas mais simples, como uma consulta com o pediatra ou clínico, além de pacientes com gripe, por exemplo.

E ainda, o agente comunitário de saúde, que trabalha de casa em casa, reconhece as necessidades daquela comunidade, auxilia na prevenção e controle de doenças não preveníeis – como diabetes e hipertensão – e, por isso, tem capacidade resolutiva de grande parte dos problemas de saúde da população. A planificação visa à melhoria desse e de outros serviços de responsabilidade municipal.

Também não poderia deixar de fora os nossos exemplos de investimento para expansão do tratamento especializado, como na área doenças crônicas. Dessa forma, inauguramos a oncologia em Caxias, a radioterapia e a oncologia pediátrica em Imperatriz, além do serviço de diálise em Açailândia, Codó, Chapadinha, e, no próximo mês, em Pinheiro.

A eficiência do SUS é um dilema. Em tempos de crise, precisamos fazer cada vez mais com menos dinheiro. Nossa população envelhece, cada vez mais pessoas dependem do serviço de saúde público, novas doenças aparecem em escalas inimagináveis. Através da abertura de novos serviços reduzimos os problemas imediatos dos nossos usuários. O funcionamento eficaz do SUS precisa perpassar por todos os entes – município, estado e união. Mais que um plano de governo, a saúde precisa de um projeto coletivo e ser encarada como um projeto de estado. Infelizmente, o Maranhão o inicia com um atraso de cinquenta anos.

Este é o tempo de assegurar que o retrocesso não nos alcance novamente. O SUS pode dar certo!

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