terça-feira, 18 de setembro de 2018

Hemodiálise e dor de cotovelo, por Carlos Lula


Quem se responsabilizaria se analisássemos os anos de vazio assistencial na área nefrológica, setor essencial para tratamento e vida dos maranhenses com doença renal crônica? Surpreendentemente – na verdade nem tanto - nos dois últimos anos, alguém percebeu a escassez da oferta de centros de terapia renal no Maranhão, como se antes o estado tivesse contado com vários desses serviços. Pura politicagem!

Vamos analisar um pouco mais a invencionice. Entre 2015 e 2017, como medida para garantir a ampliação dos serviços de hemodiálise, o Governo do Maranhão realizou convênios com o município de Floriano para assegurar o atendimento de 95 pacientes da Região de Saúde de São João dos Pastos. Ainda houve convênio com empresa privada para atendimento aos 94 pacientes da região de Açailândia, além disso, implementamos o terceiro turno do setor de hemodiálise do Hospital Carlos Macieira, em São Luís, e passamos a gerenciar os centros de hemodiálise de Caxias e Bacabal, estes responsáveis pelo atendimento a mais de 600 pessoas.

Este ano, para acelerar o acesso ao serviço no interior do estado, abrimos o serviço no recém-inaugurado Hospital Regional de Chapadinha. E, como anunciado, as sessões de hemodiálise iniciarão, também, no Hospital Macrorregional de Pinheiro, ainda este mês. As duas alas de nefrologia serão suficientes para atender os maranhenses com doença renal crônica nestas regiões. 

Somado a isso, recentemente iniciamos o atendimento ambulatorial para paciente com doença renal crônica no Centro de Especialidades Médicas do Diamante (PAM Diamante), em São Luís.

Fazer saúde, implantar novos serviços e mantê-los, é muito caro. Precisamos lembrar que o Sistema Único de Saúde é totalmente gratuito e acessível a todos. São mais de 7 milhões somente em nosso estado, menos de 1% possui plano de saúde. Cabe ao Governo investir de modo a garantir o atendimento de 99% da nossa população, com diagnósticos diversos – como os pacientes com doença crônica renal, por exemplo. Ampliar os nossos serviços é um desafio necessário e extremamente urgente.

Não à toa anunciamos nesta última semana a abertura de mais um setor de nefrologia, desta vez no Hospital Regional de Balsas. Detalhe: os três hospitais mencionados neste artigo foram abertos entre 2015 e 2018. Eles são parte dos grandes investimentos que assumimos em prol da ampliação da rede de serviços e da implantação de serviços inéditos. Quem banca essa conta? 

A crise financeira dos país exigiu um enorme corte de gastos por parte do Ministério da Saúde, além de aumentar a burocracia para garantir o financiamento previsto em lei. Ainda assim, o Maranhão inaugurou serviços e mantém, com fundo do tesouro próprio do estado, o funcionamento dos mesmos. 

Para variar, o Maranhão esbarra com o subfinanciamento do SUS. Atualmente, o Governo do Estado mantém o sustento de serviços cuja responsabilidade de financiamento pertencem ao Governo Federal. Além disso, garante recursos para que os municípios mantenham seus hospitais em pleno atendimento. Não há como fechar serviços em detrimento dos novos abertos.

Em parte, esta pode ser a razão por nunca terem feito tanto como agora. É preciso arrochos, planejamento de médio e longo prazos, além disso, muita paciência junto ao Ministério da Saúde para garantir que em algum momento esse recurso federal chegue, e, até lá, o serviço continue em pleno funcionamento. Não há como voltar atrás.

A necessidade obviamente ainda é muito superior à oferta. Os recursos são inversamente proporcionais à nossa demanda, entretanto, não nos impede de continuar com o investimento em saúde cada vez mais ousado. Tudo começa com um ato de responsabilidade pelas pessoas e culmina no resgate da dignidade do nosso povo e na recuperação da saúde. De resto, tudo o que sair por aí é desespero, politicagem e uma boa dose de dor de cotovelo de quem teve cinquenta anos para fazer e não fez.

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