terça-feira, 11 de dezembro de 2018

COMPAIXÃO, por Carlos Lula



Não é incomum assistirmos a filmes sobre o holocausto judeu, principalmente quando há um audacioso personagem que arrisca a própria vida para esconder homens, mulheres e crianças a fim de preservar suas vidas. Se isso não é amor no seu mais puro significado, eu não sei qual seria a melhor definição para esta atitude.

Recentemente assisti a um filme sobre um casal polonês que escondeu mais de 300 judeus nos escombros do seu antigo zoológico - destruído durante um bombardeio na cidade de Varsóvia, na Polônia - durante a invasão alemã de 1938 a 1944.

Antes, os donos do estabelecimento eram apegados aos animais como membros da sua própria família. A casa foi construída no centro do negócio, mas com o ataque - restou apenas alguns animais. Os bichos premiados foram enviados para um zoológico na cidade de Berlim, outros foram abatidos pelos soldados alemães. A primeira causa desta família - um lar para estes animais - estava destruído.

Mas quando amigos judeus começaram a ser enviados para o “gueto”, eles tiveram a ideia de acolher e esconder no subsolo um deles. Não demorou muito para saber que os judeus no “gueto”  passavam fome, frio e seu destino seria a morte. Então, o casal - movido da mais alta compaixão e usando de sua influência – deu início a um ousado plano para retirar os judeus daquele lugar e escondê-los em casa. Enquanto isso, o exército alemão era levado a acreditar que o Jan e Antonina Zabiński não passavam de criadores de porcos para alimentar os soldados.

Não vou me ater aqui a crueldade, muito menos ao holocausto, mas as pessoas que, voluntariamente, dedicam-se para salvar outras vidas. Ao saber de atitudes tão cheias de compaixão costumamos atribuir a palavra humanidade, e, portanto, não há como identificar que é para isto que fomos criados. Este é realmente o nosso propósito.

Não à toa tantas Organizações Não Governamentais, instituições sociais e religiosas, grupos de amigos se reúnem os 12 meses do ano em prol de outras pessoas e/ou em proteção aos animais. Sensíveis ao sofrimento e movidas de afeição, essas pessoas nos inspiram.

Embora nem todos possam doar-se integralmente à essas causas, esses grupos nos impelem a sermos mais sensíveis com os que estão a nossa volta. Afinal, não foi esta sensibilidade que levou Antônio Bruno, por exemplo, a abrir a instituição de acolhimento aos pacientes do interior em tratamento contra o câncer em São Luís? Ou a irmã Mônica fundar o lar que cuida de pessoas convivendo com o vírus HIV? Sem esquecer de mencionar da Fazenda Esperança que garante internação gratuita e tratamento para dependentes químicos no interior do estado.

Esses ambientes são feitos de pessoas, não é um CNPJ, são voluntários que amam cuidar de pessoas. E, muito embora, nos envolvamos mais intensamente com causas semelhantes neste período de final do ano, é importante lembrar que a necessidade de socorro existe o ano inteiro. Se não há possibilidade de estar diretamente envolvido, que possamos - de modo semelhante - espalhar mais amor e gentileza durante os 12 meses do ano. Nem sempre aquele que mais precisa está carente de coisas. É, antes de tudo, a compaixão que muda tudo e salva vidas.

A propósito o nome do filme, que também é um livro, é O Zoológico de Varsóvia. Vale muito a pena conhecer histórias reais, estejamos mais próximos de pessoas que nos inspiram a sermos humanos melhores.

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