Trauma. Essa foi a palavra que professoras mencionaram ao relatar o
acidente que sofreram no último dia 19, na Zona Rural de São Luís,
quando pegaram carona no micro-ônibus que faz transporte escolar dos
alunos da UEB Rosa de Sarom. Na hora do ocorrido, por
sorte, não havia nenhuma criança no veículo.
As professoras pegaram a condução escolar nas proximidades da Vila
Vitória, ao retornar da escola que lecionam. As docentes aceitaram a
carona porque perderam o transporte coletivo, que passou antes do
horário do término das aulas. Preocupadas e cientes da
dificuldade de transporte coletivo na região entraram no micro-ônibus.
As vítimas relatam que o motorista, não identificado, trafegava em alta
velocidade pelas vias esburacadas, no momento do acidente, e ignorava
todas as advertências dadas pelas professoras para que fosse mais
prudente na direção. Próximo ao Sítio Leal, o condutor
não reduziu a velocidade e passou “com tudo” por um buraco. Com o forte
impacto, alguns ocupantes, do veículo bateram a cabeça no teto e nos
assentos dos bancos.
Uma das professoras quebrou vários dentes e vai ter que fazer uma
cirurgia. A vítima relata que formou um coágulo de sangue no lábio
inferior, sem contar com as fortes dores na face e na região do pescoço
que ainda sente. Ainda não dá para saber a extensão
das lesões que sofreu por conta do inchaço.
“Estou muito abalada com o que aconteceu. O motorista sequer parou o
veículo. Não se preocupou em saber como estávamos. E isso é o que mais
nos entristece. Ele foi imprudente. Imagina se as crianças estivessem no
veículo. A tragédia poderia ter sido pior ainda”,
alertou.
Outra professora bateu com muita força a cabeça no banco da frente e,
com a pancada, um dente cortou o lábio inferior, o que a fez perder
muito sangue também. “Senti que voei. Quando baixei a cabeça para pegar
meus óculos que ficaram amassados vi muito sangue,
fiquei desesperada. Pensei que fosse morrer. O motorista não parou por
nenhum momento. Não quis nem nos levar ao hospital, mesmo com o nosso
pedido”, informou.
“O sentimento que tenho, em relação à educação, é que estamos nas mãos
de loucos. Como podem delegar uma função tão importante de transportar
crianças a uma pessoa irresponsável? Quantos acidentes acontecem e não
são relatados? ”, questionou.
Outra professora informou que o motorista tentou se inocentar diante da
imprudência e chegou a ser irônico dizendo que não tinha culpa dos
buracos nas vias. A docente também está sentindo fortes dores na coluna e
ainda teve um prejuízo com o celular, que acabou
quebrando quando caiu ao chão. “ Foi horrível. Espero que seja tomada
as devidas providências. Imagina se fossem as crianças que estivessem
lá? Ele foi imprudente, não teve cuidado, não nos deu assistência”,
frisou.
A Semed já tem ciência do fato e a Direção do Sindeducação espera que o
condutor do veículo seja afastado imediatamente do cargo, a fim de
preservar a vida das crianças que diariamente fazem o trajeto de casa
para a escola; e que também tenha uma fiscalização
mais rígida no transporte escolar, para que novos episódios como esse
não aconteçam e tragédias piores sejam evitadas.
Legislação- Já
existe um Projeto de Lei (PL1669/19) tramitando no Senado Federal, que
autoriza os professores a usar assentos vagos em transporte escolar
público. O texto já
havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados em 2011 (PL 3706/08),
mas foi arquivado pelo Senado à época. No entanto, o projeto foi
reapresentação, em julho deste ano, pelo senador Carlos Viana (PSD-MG).
Imprensa Sindeducação
Nenhum comentário:
Postar um comentário