domingo, 29 de setembro de 2019

Pacientes do Hospital de Câncer do Maranhão voltam a falar com ajuda de laringe eletrônica






Após a perda da voz, pacientes do Hospital de Câncer do Maranhão voltam a falar com ajuda de laringe eletrônica. A entrega do equipamento beneficiou três pacientes da unidade. “Eu estou muito feliz, hoje eu posso falar”, disse Maria Isaura Alves Silva, de 68 anos. Além da qualidade de vida, os pacientes resgatam a independência e a autoestima.

Com o diagnóstico de câncer avançado na laringe, Maria Isaura Alves Silva, fez o procedimento de laringectomia, em janeiro de 2015. “Fumava muito, trabalhei como quebradeira de coco, fazendo carvão. O médico disse que tudo isso causou um caroço na minha laringe. Quando eu cheguei no hospital, o caroço já estava muito grande, tinha passado do tempo de tratar. Foi necessário fazer esse procedimento de tirar tudo da garganta, perdi a voz”, recorda.

A busca das equipes do Hospital de Câncer do Maranhão por mais qualidade de vida para os pacientes promete mudar a vida de José Pires Serra, Maria Isaura Alves da Silva e Antônio Carlos Nunes Salazar, pacientes beneficiados pelo programa.

“A equipe multiprofissional tem ajudado a reestabelecer o convívio social e afetivo dos pacientes. Há um desenvolvimento em todas as áreas, como terapia ocupacional, psicologia, buscando sempre humanizar o atendimento para os pacientes e acompanhamento, e temos alcançado saldos positivos, como essa história. Sempre estamos buscando fazer o melhor para o paciente e a família”, disse a diretora admirativa do Hospital de Câncer do Maranhão, Ana Flavia Lustosa.

O aparelho funciona com bateria recarregável tipo bastão vibrador. Posicionado externamente próximo à garganta do paciente, o equipamento produz uma voz, ainda que distante do padrão vocal habitual, possibilita maior independência na comunicação. “Quando a gente perde a voz parece que perde a dignidade, a vontade. As pessoas não entendem o que falamos. É muito cansativo. Estou muito feliz, hoje eu posso falar. Apesar desse barulhinho, é divertido”, contou emocionada Maria Isaura.

Segundo a fonoaudióloga Camila Viana, a fala do paciente com o aparelho é robótica, porém os benefícios são inúmeros. “No Maranhão, três pacientes receberam a laringe eletrônica. Todos eles fazem acompanhamento no ambulatório. Escolhemos os pacientes que não se adaptaram a outras técnicas de produção da voz, e que também não são alfabetizados. A nossa comunicação é essencial para expressarmos dor, desejo, um sentimento, calor, fome e outras necessidades. Esses pacientes estavam isolados, parados, sem reagir com o mundo, apenas escutando, retraídos. Voltando a ser quem eles eram antes da perda da fala é muito compensador”, destacou.

Aparelho 
O aparelho tem uma vida útil prolongada e garantia de um ano. Até a completa adaptação, o paciente retorna ao consultório de fonoaudiologia para fazer ajustes. Os três aparelhos foram doados pela Associação de Câncer e Boca e Garganta, por meio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON). Os pacientes foram inscritos no programa. Por conta da vulnerabilidade social, eles foram selecionados para o recebimento dos aparelhos.

Para fazer uso do aparelho não é necessário nenhum procedimento médico ou cirúrgico. A laringe é um aparelho de uso externo, adaptado pela fonoaudiologia. A indicação para recebimento do aparelho são os pacientes laringectomizados totais, ou seja, aqueles que retiraram toda a laringe e com isso perderam a capacidade de produzir voz devido a remoção das pregas vocais. Em 2019, dois pacientes passaram pelo procedimento.

Os pacientes José Pires Serra e Antônio Carlos Nunes Salazar receberam o equipamento, respectivamente, nos dias 13 e 16 de setembro.

Fatores de risco 
Segundo o Ministério da Saúde entre os fatores de risco mais conhecidos para câncer e lesões na laringite estão o tabaco e o consumo excessivo de álcool, a associação desses hábitos aumentam ainda mais a chance de desenvolver a doença. Além disso, má alimentação, estresse e exposição excessiva a produtos químicos são outros fatores de risco associados à doença. Vale lembrar que as frutas e as hortaliças têm assumido posição de destaque nos estudos que envolvem a prevenção do câncer.

Exposições ocupacionais às fibras têxteis, níquel, pó de madeira e asbestos e os hábitos precários de higiene oral também são fatores de risco. O câncer de laringe compreende cerca de 25% dos tumores malignos que acometem a área de cabeça e pescoço, sendo predominante no sexo masculino com uma estimativa baseada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) no ano de 2016.

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