segunda-feira, 10 de abril de 2023

Maranhenses são resgatados de trabalho análogo à escravidão em Goiás

 


Oito trabalhadores do Maranhão foram encontrados em condições análogas à escravidão no município de Novo Gama (GO).  Os maranhenses prestavam serviço em uma fazenda de derrubada e corte de eucaliptos, que
seriam usados para produção de carvão vegetal.

Os trabalhadores foram aliciados interior do Maranhão pelo próprio responsável pela atividade, que os contratava sem formalização do vínculo empregatício após atraí-los naquelas localidades.

Os maranhenses foram levados às fazendas para serem explorados em condições degradantes e análogas à escravidão. De acordo com as informações dos próprios trabalhadores, a exploração ocorria de forma compartilhada por fazendeiros que tinham plantações de eucaliptos e precisavam de mão de obra para fazer a derrubada e corte dessas árvores.

Os trabalhadores foram encontrados em uma das fazendas derrubando eucaliptos sob torres de transmissão de eletricidade em alta tensão, sem banheiro, sem fornecimento de vestimenta de trabalho, nem treinamento para usar as motosserras que operavam.

Segundo os agentes que realizaram o resgate, os homens recebiam apenas uma garrafa pequena de água (sem que fosse filtrada) cada um, para beber durante todo o dia de trabalho, e não tinham condições para atendimento de primeiros socorros em caso de acidentes. O empregador aparecia na fazenda durante a semana para conferir a produção, a alimentação deles era reduzida a porções de ossos com pouca carne e arroz. Eles precisavam acordar às três da manhã para preparar sua própria refeição em forno de lenha coletada por eles mesmos na mata.

Às 6h da manhã já iniciava a rotina de trabalho, sendo encerrada às 5h da tarde. Eram feitas derrubada de árvores de segunda a sábado, e recebiam apenas a diária em que houvesse produção. Alguns deles haviam sofrido cortes graves com facão nas pernas enquanto golpeavam os eucaliptos derrubados. Diante dos ferimentos, o empregador lhes respondia que, se parassem de trabalhar, não teriam o pagamento da diária de trabalho.

Os trabalhadores informaram aos agentes que era comum não sobrar dinheiro para voltarem para suas residências no Maranhão, pois o empregador sempre dizia que não possuía recurso para pagar todo o pagamento combinado, e que só pagaria o suficiente para voltarem quando o trato dele com certo número de fazendeiros já estivesse cumprido.

Na inspeção feita pelos auditores-fiscais do Trabalho, foi verificado que os trabalhadores eram alojados em casa precária a sete metros de um chiqueiro onde a criação de suínos inundava constantemente o alojamento com intenso mau cheiro. Vários trabalhadores tinham que dormir no chão, o banheiro não possuía descarga em funcionamento, nem higiene, porque não havia ladrilhos.

Os auditores fiscais do Trabalho entraram em contato com o proprietário da fazenda em que se encontravam os trabalhadores e com o empregador que foram notificados, tanto a retirá-los de imediato para um alojamento decente quanto para formalizar os vínculos de emprego, além de pagar todas as verbas trabalhistas devidas.

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