segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O Maranhão contra Febre Amarela, por Carlos Lula


Zé Gotinha, alguém recorda? Quando criança a vacinação era um acontecimento. O mascote, símbolo das melhores campanhas do Ministério da Saúde, teve seu no auge no final da década de 1980 e início de 1990. Todo mundo esperava ver o boneco – que mais parece o Gasparzinho com pernas – no posto de saúde.

A publicidade em torno do personagem da vacinação tornava esquecível a dor que viria com a agulhada. Além disso, era um sonho chegar ao posto de saúde e descobrir que a dose seria oral, literalmente em gotinhas. Um momento de alívio para os pais que não precisariam ouvir o choro coletivo e escandaloso da criançada, daquela vez.

O Zé, personagem principal das campanhas de vacinação, deixou de ser a sensação da mobilização nacional – geralmente voltada para crianças. Atualmente, dois momentos geram a corrida aos postos de saúde: a reta final de uma campanha de vacinação e surtos epidemiológicos. No último caso, a desinformação dá lugar ao desespero.

Entre julho de 2016 e janeiro de 2017, houve 271 casos e 99 mortes, em um período marcado pelo surto da febre amarela no país – nenhum caso no Maranhão. Em função disso, no ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) dispensou 700 mil doses da vacina para atender a multidão que lotava os postos de saúde.

Este ano, o surto da febre amarela nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia colocou o país em novo alerta. No Maranhão não há registro de casos há 23 anos, mas não existe lugar seguro, principalmente quando há tantos viajantes maranhenses transitando por estas regiões do país, em especial no período momesco.

Por isso, a vacinação contra a febre amarela é importante. A dose é única e imuniza para a vida toda. A imunização faz parte do calendário vacinal da criança, então, se você – como eu – tomou vacina contra a febre amarela ainda na década de 1980, quando Zé Gotinha fazia sucesso, não precisa voltar ao posto de saúde. Os que não sabem se tomaram ou nunca foram vacinados, precisarão receber a dose imunizante.

Como medida preventiva, bem sucedida em 2017, a Superintendência de Epidemiologia e Controle de Doenças da SES prossegue com a intensificação da vacinação nas áreas rurais dos municípios prioritários. Na fase inicial, a partir do dia 28 de janeiro, as equipes de vacinação seguem para as cidades das Regionais de Balsas, Imperatriz, Barra do Corda, Rosário e São João dos Patos. A meta é imunizar a população não vacinada dos municípios prioritários de onze regionais de saúde até a segunda quinzena de março.

Outras ações também incluem palestras nas comunidades rurais sobre as ações de prevenção da febre amarela silvestre, o fortalecimento do monitoramento de epizootias em macacos e a intensificação das ações de Combate ao Aedes, nas áreas mais urbanizadas, com aplicação de UBV (carro fumacê) e mobilização social. A ação contra o Aedes é permanente no calendário da saúde no Maranhão. O mosquito é o principal transmissor da febre amarela, dengue, chikungunya e zika. 

O Maranhão tem recomendação do Ministério da Saúde para vacinação contra febre amarela, ainda que, felizmente, a eficácia das ações de Vigilância em Saúde nos posicione um passo à frente da doença. Os recursos humanos e investimentos financeiros para prevenir a febre amarela continuarão sendo dispensados em prol da saúde dos maranhenses. Todavia, não nos enganemos: febre amarela mata! A vacina é a nossa proteção!

Carlos Lula, secretário estadual de saúde

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