Os promotores de justiça Marco Aurélio Rodrigues e Marcos Valentim Pinheiro Paixão, integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Maranhão, participaram, na manhã desta quarta-feira, 28, no auditório da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), da entrevista coletiva sobre a Operação Jogo Duplo. O nome faz alusão à participação de agentes públicos no crime organizado.
A
ação, deflagrada na manhã desta quarta-feira, realizada conjuntamente
pelo Gaeco e pela Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à
Corrupção (Seccor), resultou na prisão preventiva do delegado Tiago
Mattos Bardal, do investigador de polícia João Batista de Sousa Mendes e
dos advogados Werther Ferraz Júnior e Ary Cortez Prado Junior. Eles
estariam envolvidos com uma quadrilha especializada em assaltos a banco,
chefiada pelo criminoso Adriano Brandão.
Além
das prisões, foram apreendidos documentos, celulares e computadores. O
prazo para a conclusão do inquérito é de 10 dias. As ordens judiciais
foram expedidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de São Luís.
A
apuração, que culminou na Operação Jogo Duplo, foi requisitada pelo
Ministério Público do Maranhão, após denúncias de criminosos apontando a
participação do delegado Tiago Bardal com o crime organizado.
Durante
a entrevista, o promotor de justiça Marco Aurélio Rodrigues destacou
que o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho,
requisitou o acompanhamento do inquérito policial pelos promotores que
integram o Gaeco. “A operação é resultado da análise conjunta de
documentos apreendidos e de depoimentos até o momento prestados”,
informou.
De
acordo com as investigações, durante os anos de 2015 a 2016, Tiago
Bardal e João Batista de Sousa Mendes extorquiam a quadrilha
especializada em assaltos a banco, recebendo dinheiro para evitar a
investigação e a prisão dos integrantes do bando. O dinheiro era oriundo
dos roubos. Em um dos casos, os policiais teriam recebido R$ 100 mil
cada. Ao todo, a quadrilha teria cometido, no período, cinco assaltos a
unidades bancárias em cidades do interior do Maranhão.
A cobrança do dinheiro seria realizada pelos advogados Werther Ferraz Júnior e Ary Cortez Prado Junior.
“Estes
agentes tinham o dever de combater o crime, mas davam cobertura às
ações criminosas, recebendo pagamento paralelo para permitir a prática
de crimes”, ressaltou o secretário de estado de Segurança Pública,
Jefferson Portela.
Na
entrevista, o secretário revelou, ainda, que os policiais também
passavam informações sigilosas para a quadrilha e que o chefe do bando,
Adriano Brandão, foi resgatado recentemente de um presídio em Belém. O
grupo possui muitos integrantes e atua no Pará, no Tocantins e no
Maranhão.
O
superintendente da Seccor, policial civil Roberto Fortes, classificou
de horrendo e nefasto o envolvimento de agentes públicos com o crime.
“Essas pessoas são policiais, mas se infiltraram em organizações
criminosas. Em vez de combatê-los, eles se aliaram aos bandidos.
Recebiam dinheiro dos assaltantes para acobertar suas ações criminosas”,
ressaltou.
Também participou da coletiva o delegado-geral da Polícia Civil, Leonardo Diniz.
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