O volume de resíduos que vazou da barragem de Brumadinho foi bem
menor que o de Mariana. A represa de agora tinha capacidade para 12,7
milhões de metros cúbicos de dejetos de mineração. A que estourou em
2015, para 60 milhões.
Mesmo assim, Brumadinho está entre os
maiores vazamentos no planeta nesta década. O de Mariana é que foi
grande demais – o maior da história da humanidade em volume. Escaparam
43,7 milhões de metros cúbicos. Em Brumadinho, de acordo com uma
estimativa do Corpo de Bombeiros, 3 milhões (ainda que este não seja o
número definitivo).
Se forem mesmo 3 milhões de metros cúbicos, isso já basta para colocar Brumadinho no alto de um ranking perverso. Dos outros 67 estouros
em barragens de mineração registrados no mundo nos últimos 30 anos, só 7
tiveram uma vazão maior do que essa (entra aí todo tipo de mineração –
ferro, cobre, ouro, manganês…).
Isso retrata uma tendência
global. O aumento na produção mundial de minérios vem causando
vazamentos cada vez maiores. De acordo com a Bowker Associates, uma
consultoria de gestão de risco em construção pesada, a década entre 1955
e 1965 contabilizou 6 milhões de m3 em vazamentos desse tipo. Entre
2005 e 2015, com Mariana na conta, foram 107 milhões de m3. E a década
entre 2015 e 2025, de acordo com a consultoria americana, deverá fechar
em 123 milhões de m3.
Ou seja: a
segurança nessa área tende a baixar com o tempo, não a aumentar, como
acontece em praticamente qualquer outra atividade humana.
Os
volumes de dejetos não tem relação direta com o número de mortos.
Naturalmente, já que isso depende da densidade demográfica de onde o
acidente ocorre. Mariana, com seus mais de 40 milhões de metros cúbicos,
deixou 19 mortos. Um vazamento de 200 mil m3 na cidade de
Trento, na Itália, matou 268 pessoas, em 1985. Este acidente, na represa
de uma mina de fluorita, é o maior registrado até hoje. Outro dessa
magnitude só aconteceria novamente em 2008, quando uma represa de
resíduos de minério de ferro estourou em Linfen, na China, deixando 254
mortos.
Até a última atualização desta reportagem, na tarde de sábado, 26, havia 11 mortos e 296 desaparecidos em Brumadinho.
FONTE: Super Interessante
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