sexta-feira, 31 de maio de 2019

DEMAGOGIA: Projeto da Prefeitura de São Luís promete orientação profissional em escolas que não cumprem sequer o ano letivo regular


A Prefeitura de São Luís lançou no último sábado, 25, projeto de Orientação Profissional Empregabilidade e Empreendedorismo (OPEE) nas escolas da Rede Pública municipal. O Sindeducação considera a ideia brilhante, mas questiona a viabilidade da implementação desse trabalho diante de uma realidade de caos, com escolas deterioradas; sem professores; faltando de carteiras a materiais didáticos; com iluminação inadequada; ambientes sem ventilação; e até sem água potável, como é o caso do Anexo II da UEB Ribamar Bogéa, na Cidade Olímpica, ou mesmo da UEB Dom Delgado, interditada pela Vigilância Sanitária, em janeiro, por condições precárias de higiene, dentre outros graves problemas.
O OPEE, segundo a Agência de Notícias ligada à prefeitura, será implantando inicialmente no último ano da Educação Infantil e no Ensino Fundamental II, integrando a política educacional do Prefeito Edivaldo Holanda Júnior.
Para a presidente do Sindeducação, professora Elisabeth Castelo Branco, o anúncio sobre a implantação desse projeto soa mais como um deboche do prefeito não só com a comunidade escolar, mas para toda a sociedade ludovicense. “Dentro da perspectiva educacional o projeto é brilhante, no entanto, as escolas da Rede Municipal não têm estrutura para cumprir sequer o ano letivo, imagina implementar projetos extracurriculares. Com qual estrutura o professor vai desenvolver essa ação?”, questiona a sindicalista. 

A maioria das escolas da Rede Municipal não possuem salas com tamanho padrão recomendado pelo Plano Nacional de Educação e Lei de Diretrizes e Bases. Escolas como a UEB Roseno de Jesus Mendes, na Vila Janaína, comportam 35 alunos por sala, em espaços onde os professores mal conseguem dar um passo.
Ainda de acordo com a professora, a medida busca na verdade, salvar o fracassado projeto Educar Mais, idealizado pelo atual secretário de Educação, Moacir Feitosa, e dar visibilidade para algo que não existe: o compromisso da atual gestão com a Educação Pública da Capital.
“A Gestão Municipal deveria regularizar as ações de manutenção das escolas, melhorar a merenda escolar, resolver o problema da falta de professores em sala de aula, garantir material didático para todos os alunos, e cumprir o calendário letivo para que o processo ensino-aprendizagem aconteça de fato nas escolas, e possamos então partir rumos a novos projetos dessa magnitude”, comentou a presidente.

CONTRADIÇÃO – São Luís chegou a ter nas últimas semanas cerca de 30 escolas sem aulas regulares, possui cerca de 5 mil alunos fora de sala de aula. As escolas que funcionam, de forma precária, estão liberando os alunos mais cedo por falta de professores de diversas disciplinas (geografia, história, português, inglês, educação física, etc). Alunos da UEB Mata Roma, na Cidade Operária, estão assistindo aula em sala cedida pelo Padre, na Igreja Católica do Bairro.
Na UEB Odylo Costa Filho, no Alto da Esperança, a Direção da Escola faz “vaquinha” junto aos pais para tentar resolver o problema dos ventiladores da escola, todos necessitando de substituição. Alunos assistem aulas em ambientes que chegam aos 40 graus.
Mas no discurso midiático da Prefeitura já foram “requalificadas” mais de 180 escolas (das 266 que compõem a Rede). De acordo com o sindicato, a UEB Camélia Viveiros, por exemplo, ficou três meses com aulas suspensas em 2018 (Abril/Maio/Junho) com uma reforma do telhado, que viria abaixo meses depois (Novembro), que agora em Maio de 2019, a Prefeitura de São Luís está, novamente, reformando o mesmo telhado. “É muito descaso com o dinheiro público, fazer a mesma reforma em menos de 12 meses”, denuncia a professora Elisabeth Castelo Branco.
Mas no projeto da Prefeitura, OPEE, o prefeito ressalta que é preciso preparar as crianças para vida, sendo uma responsabilidade que vem sendo cada vez mais compartilhada entre família e escola. “O OPEE é uma forma de aprender sobre como se preparar para os desafios da vida e desenvolver projetos transformadores. Inicialmente, a metodologia será implantada no último ano da Educação Infantil (para crianças de cinco anos) e no Ensino Fundamental II que vai do 6º ao 9º ano. A ação integra a política educacional da gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior”, comemora a matéria divulgada pela prefeitura. 

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