domingo, 26 de maio de 2019

UM SÉCULO DO LACEN, por Carlos Lula


Cem anos atrás, Raul da Cunha Machado e Urbano Santos revezavam o governo do Maranhão. A grafia abusava do ‘ph’ como nas palavras telephone e pharmacia. O falecido Sport Clube Luso Brasileiro, de São Luís, levantava o caneco sagrando-se bicampeão do Campeonato Maranhense de Futebol. Há algum maranhense ainda vivo para lembrar desses acontecimentos? 

Particularmente, eu não lembraria, muito menos saberia, de algumas dessas informações sem uma pesquisa rápida na internet. Quando não tivermos mais memória, a história publicada no impresso e na rede pública virtual preservará nosso passado. Nessas poucas palavras vou lembrá-los de uma parte da nossa história que acaba de completar 100 anos.

O Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen) foi criado em 1919. Legado do governo de Raul Cunha Machado, surgiu como serviço experimental, filial do Instituto Oswaldo Cruz. Aqui sua principal finalidade era a produção de soros, distribuição de vacinas produzidas na sede do Instituto, além de pesquisas regionalizadas para identificação de patologias.

Naquela época, o principal desafio do Instituto era controlar a difusão da cólera, febre tifoide e, principalmente, febre amarela. Sabemos que no caso específico desta última doença algumas regiões do Brasil baixaram a guarda e, recentemente, enfrentaram novo surto – quase 100 anos depois. 

Como é de se esperar, principalmente no âmbito da saúde, os perigos iminentes são favorecidos pelas tragédias esquecidas. Dadas as circunstâncias devemos reconhecer que para além do serviço de diagnóstico, o Lacen/MA também é memória para ser revisitada. Não é mero simbolismo estes 100 anos.

Embora compreendamos a importância atual do Laboratório Central, somente a partir da Portaria Ministerial de 1977, que instituiu o Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, o Lacen - tal qual conhecemos - ganhou maior protagonismo no estado e, ao deixar o posto de filial, expandiu sua atuação com a ampliação dos procedimentos laboratoriais de média e alta complexidade.

Atualmente, o serviço realiza o diagnóstico laboratorial de patologias que podem colocar em risco a segurança individual e coletiva da população. O laboratório realiza desde o diagnóstico dos exames para detecção do câncer de colo de útero até a análise da qualidade da água para consumo humano, por exemplo. 

Além disso, segundo a Portaria nº 2031/2004 do Ministério da Saúde, o serviço é responsável por coordenar, supervisionar e capacitar a Rede de Laboratórios Públicos, Conveniados e Privados no estado. O Lacen também trabalha em parceria com as Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária e Ambiental.

Vale ressaltar, por fim, dois pontos. O serviço de diagnóstico realizado no Laboratório Central é indispensável para uma vigilância em saúde mais eficiente. Por essa razão, o Lacen constantemente amplia a capacidade de procedimentos, inclusive, o Laboratório de Virologia para Diagnóstico da Raiva será inaugurado nesta segunda-feira (27). Outro aspecto é que o serviço conserva a memória histórica da saúde do nosso estado, e assim, nos concede ferramentas para encarar desafios atuais a partir de cenários passados.

A invenção do tempo sempre me fascinou.  É uma invenção humana para maldizer sua finitude. Resolvemos contar o tempo que nunca deixa de correr como resposta ao fim que todos teremos. Atitude corretíssima. E celebrar marcos da vida de pessoas e instituições é uma atitude que responde à passagem do tempo, esse fugidio. Vida longa ao Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão! Que venham mais 100 anos!

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