terça-feira, 30 de julho de 2019

HEPATITE VIRAL: NÃO É FICÇÃO, por Carlos Lula


Estamos acostumados a assistir filmes de ficção, quase apocalípticos. Um vírus mortal se espalha. Pessoas se tornam monstros ou transformam-se em zumbis, sempre há mortos em escala global e pouquíssimos sobreviventes. 

Lembro de um específico, de 2011, chamado Contágio. Grandes nomes do cinema como Matt Damon, Jude Law, Kate Winslet, fazem parte do elenco. A história é sobre uma gripe contraída por uma americana na cidade de Hong Kong, após concluir uma viagem de negócios.

Beth Emhoff, nome da personagem de Gwyneth Paltrow, é a paciente zero nos Estados Unidos. A nomenclatura é atribuída ao paciente inicial em uma população que está sobre investigação epidemiológica. Beth foi responsável por transmitir o vírus em escala de gravidade, a qual denominamos de pandemia.

Ao longo do filme, o elenco corre contra o tempo para controlar a doença e descobrir a cura. O vírus é mais rápido, muitos morrem, até que enfim alguém descobre a vacina para imunizar quem ainda se encontra saudável.

Vamos aos fatos reais. Dois anos antes deste filme, em 2009, o mundo tinha experimentado a pandemia da gripe A (ou gripe suína). Aprendemos, após muitos óbitos, que hábitos de limpeza e vacina são estratégias eficientes para evitar a doença. Outro vírus, até hoje considerado uma pandemia, é o HIV. Para este, não há cura, mas há como prevenir. A questão é justamente essa: porque baixamos a guarda?

Hoje, dia 28 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para as Hepatites Virais. O nome já diz tudo. É um vírus. Segundo a OMS, dos cinco tipos mais comuns de hepatites, mais de 95% das mortes são causadas pelas infecções crônicas por hepatite B e C, enquanto as hepatites A e E raramente causam doenças fatais. Já a hepatite D é uma infecção adicional que acomete pessoas que vivem com hepatite B.

Para não contrair um dos vírus, a saída é prevenção. Para alguns tipos, como A e B, existe vacina – obedecendo a faixa etária – e está disponível nos postos de saúde, gratuitamente. Infelizmente, a nossa cobertura é baixa. É preocupante saber que muitos simplesmente não se importam é proteger a si, suas crianças ou àqueles com quem se envolverá.

Há vírus que não existe vacina para prevenir, muito menos cura. No entanto, para todos os tipos de hepatite a higiene pessoal, a relação sexual protegida com preservativo, evitar a ingestão de comidas cruas ou água não potável são estratégias eficazes de prevenção. Além disso, nada de compartilhar itens pessoais como lâmina de barbear, escova de dente, alicate de unha ou recorrer a estúdios de tatuagem sem certificado, cuja higienização das seringas é duvidosa. 

No Maranhão, de 2007 a 2018, foram confirmados 9.021 casos de hepatites virais. O maior crescimento está relacionado aos vírus B e C, tendo por principal causa, a relação sexual sem uso de preservativo. Só para lembrar, a camisinha está disponível em qualquer posto de saúde, gratuitamente. 

Em razão do crescimento desses dois vírus no estado, é urgente que os maranhenses façam o teste rápido para descartar ou diagnosticar novos casos.  Procure uma unidade básica de saúde ou o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Em caso positivo, existe tratamento para combater o vírus, embora os tipos B e D não sejam curáveis, a doença pode ser controlada, evitando a evolução para cirrose e câncer.

Talvez você seja o paciente zero na sua cidade, talvez você esteja em risco de se tornar mais um infectado pelo vírus. Na ficção, o drama dura 90 minutos. Na vida real, a tragédia não termina tão rápido. “É preciso saber. É preciso se proteger. Faça o teste”, nossa campanha se baseia em fatos reais. Assuma o controle da sua história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário