Após a perda da voz, pacientes do Hospital de Câncer do Maranhão voltam a
falar com ajuda de laringe eletrônica. A entrega do equipamento
beneficiou três pacientes da unidade. “Eu estou muito feliz, hoje eu
posso falar”, disse Maria Isaura Alves Silva, de 68 anos. Além da
qualidade de vida, os pacientes resgatam a independência e a autoestima.
Com o diagnóstico de câncer avançado na laringe, Maria Isaura Alves
Silva, fez o procedimento de laringectomia, em janeiro de 2015. “Fumava
muito, trabalhei como quebradeira de coco, fazendo carvão. O médico
disse que tudo isso causou um caroço na minha laringe. Quando eu cheguei
no hospital, o caroço já estava muito grande, tinha passado do tempo de
tratar. Foi necessário fazer esse procedimento de tirar tudo da
garganta, perdi a voz”, recorda.
A busca das equipes do Hospital de Câncer do Maranhão por mais
qualidade de vida para os pacientes promete mudar a vida de José Pires
Serra, Maria Isaura Alves da Silva e Antônio Carlos Nunes Salazar,
pacientes beneficiados pelo programa.
“A equipe multiprofissional tem ajudado a reestabelecer o convívio
social e afetivo dos pacientes. Há um desenvolvimento em todas as áreas,
como terapia ocupacional, psicologia, buscando sempre humanizar o
atendimento para os pacientes e acompanhamento, e temos alcançado saldos
positivos, como essa história. Sempre estamos buscando fazer o melhor
para o paciente e a família”, disse a diretora admirativa do Hospital de
Câncer do Maranhão, Ana Flavia Lustosa.
O aparelho funciona com bateria recarregável tipo bastão vibrador.
Posicionado externamente próximo à garganta do paciente, o equipamento
produz uma voz, ainda que distante do padrão vocal habitual, possibilita
maior independência na comunicação. “Quando a gente perde a voz parece
que perde a dignidade, a vontade. As pessoas não entendem o que falamos.
É muito cansativo. Estou muito feliz, hoje eu posso falar. Apesar desse
barulhinho, é divertido”, contou emocionada Maria Isaura.
Segundo a fonoaudióloga Camila Viana, a fala do paciente com o
aparelho é robótica, porém os benefícios são inúmeros. “No Maranhão,
três pacientes receberam a laringe eletrônica. Todos eles fazem
acompanhamento no ambulatório. Escolhemos os pacientes que não se
adaptaram a outras técnicas de produção da voz, e que também não são
alfabetizados. A nossa comunicação é essencial para expressarmos dor,
desejo, um sentimento, calor, fome e outras necessidades. Esses
pacientes estavam isolados, parados, sem reagir com o mundo, apenas
escutando, retraídos. Voltando a ser quem eles eram antes da perda da
fala é muito compensador”, destacou.
Aparelho
O aparelho tem uma vida útil prolongada e garantia de um ano. Até a
completa adaptação, o paciente retorna ao consultório de fonoaudiologia
para fazer ajustes. Os três aparelhos foram doados pela Associação de
Câncer e Boca e Garganta, por meio do Programa Nacional de Apoio à
Atenção Oncológica (PRONON). Os pacientes foram inscritos no programa.
Por conta da vulnerabilidade social, eles foram selecionados para o
recebimento dos aparelhos.
Para fazer uso do aparelho não é necessário nenhum procedimento
médico ou cirúrgico. A laringe é um aparelho de uso externo, adaptado
pela fonoaudiologia. A indicação para recebimento do aparelho são os
pacientes laringectomizados totais, ou seja, aqueles que retiraram toda a
laringe e com isso perderam a capacidade de produzir voz devido a
remoção das pregas vocais. Em 2019, dois pacientes passaram pelo
procedimento.
Os pacientes José Pires Serra e Antônio Carlos Nunes Salazar
receberam o equipamento, respectivamente, nos dias 13 e 16 de setembro.
Fatores de risco
Segundo o Ministério da Saúde entre os fatores de risco mais
conhecidos para câncer e lesões na laringite estão o tabaco e o consumo
excessivo de álcool, a associação desses hábitos aumentam ainda mais a
chance de desenvolver a doença. Além disso, má alimentação, estresse e
exposição excessiva a produtos químicos são outros fatores de risco
associados à doença. Vale lembrar que as frutas e as hortaliças têm
assumido posição de destaque nos estudos que envolvem a prevenção do
câncer.
Exposições ocupacionais às fibras têxteis, níquel, pó de madeira e
asbestos e os hábitos precários de higiene oral também são fatores de
risco. O câncer de laringe compreende cerca de 25% dos tumores malignos
que acometem a área de cabeça e pescoço, sendo predominante no sexo
masculino com uma estimativa baseada pelo Instituto Nacional do Câncer
(INCA) no ano de 2016.
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