sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Em depoimento à PF, Moro cita elo de Carlos Bolsonaro com “gabinete do ódio”


O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou em depoimento à Polícia Federal que ouviu de ministros do Palácio do Planalto que o filho “02” do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), é ligado ao chamado “gabinete do ódio”, grupo de assessores bolsonaristas que usa as redes sociais para atacar adversários do presidente.

As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo, que teve acesso ao depoimento, prestado em 12 de novembro no inquérito sobre a organização de atos contra o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal). Moro, no entanto, não citou nominalmente quem seriam esses ministros, segundo o jornal.

A reportagem do Poder360 tentou confirmar as informações com a defesa de Moro, mas não obteve resposta até o momento.

“Indagado se tem conhecimento do envolvimento de Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Tercio Arnaud, José Matheus, Mateus Matos em quaisquer dos fatos ora mencionados, [Moro] respondeu que os nomes de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud eram normalmente relacionadas ao denominado ‘Gabinete do Ódio’; indagado sobre como tomou conhecimento da relação de tais pessoas com o denominado ‘Gabinete do Ódio’, respondeu que tomou conhecimento por comentários entre ministros do governo; indagado sobre quais ministros citavam a participação de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud no ‘Gabinete do Ódio’ respondeu que eram ministros palacianos”, diz trecho do documento registrado pela Polícia Federal.

“Indagado se o depoente poderia nominar tais ministros, respondeu que reforça que era 1 comentário corrente entre os ministros que atuavam dentro do Palácio do Planalto”, diz outro trecho.

À PF, Moro recomendou o colhimento de depoimentos dos ministros palacianos. [O ex-ministro] acredita que melhores esclarecimento possam ser prestados por ministros que atuavam dentro do Palácio do Planalto; indagado sobre quem seriam os ministros, respondeu que seria possível obter melhores esclarecimento, por exemplo com o Secretário de Governo, o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e o Secretário de Comunicação, uma vez que o depoente trabalhava fora do Palácio do Planalto”.

Esse é o 2º depoimento prestado por Moro em uma investigação desde que deixou o governo, em 24 de abril. O 1º foi no inquérito aberto para apurar as acusações de interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal, feitas pelo ex-juiz ao pedir demissão.

O inquérito sobre atos com pautas antidemocráticas foi aberto a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República) para investigar a realização, financiamento e organização de protestos com ataques ao Congresso e ao Supremo. O relator da investigação no STF é o ministro Alexandre de Moraes.

No depoimento, o ex-ministro disse ainda que foi alvo de ataques desse grupo após ter deixado o governo. [Moro] esclareceu que quando de sua saída do Ministério de Justiça ocorreram diversos ataques contra sua pessoa em redes sociais; que chegou ao seu conhecimento que tais ataques eram oriundos do denominado ‘Gabinete do ódio’; Indagado se pode nominar as pessoas responsáveis pela a prática de tais condutas, direta ou indiretamente, respondeu que não sabe denominar”, relata a PF.

Moro disse não ter conhecimento se servidores públicos são empenhados nessas atividades de ataque às autoridades, mas defendeu a necessidade de a PF apurar isso.


FONTE: Poder 360

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