terça-feira, 30 de março de 2021

Santa Catarina adota protocolo para escolher qual paciente terá prioridade em vaga de UTI


Há mais de um mês com hospitais completamente lotados, a Secretaria de Saúde de Santa Catarina decidiu adotar um protocolo de triagem para decidir quais pacientes com covid-19 que aguardam na fila de UTI serão transferidos e quais vão receber um tratamento paliativo. A expectativa é que essa decisão possa ser seguida nos próximos dias por outras secretarias de saúde, diante do colapso do sistema em várias cidades e Estados do País.

Santa Catarina vai seguir os critérios de prioridade de atendimento definidos pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência, pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos.

As entidades lançaram em maio do ano passado uma lista de recomendações sobre como alocar os recursos a fim de salvar o maior número de vidas caso fosse necessário fazer escolhas em um momento de esgotamento do sistema. Esse momento já chegou a vários lugares nas últimas semanas.

Na sexta-feira, os conselhos de secretários de saúde estaduais (Conass) e municipais (Conasems) se reuniram para discutir o problema e viram uma apresentação do protocolo pela médica intensivista Lara Kretzer, primeira autora do documento da Amib. Coordenadora da Residência em Medicina Paliativa da Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Direito pela Universidade de Londres, ela está na linha de frente do atendimento aos pacientes com covid desde o início da pandemia e lembrou que essas escolhas já estão sendo feitas diariamente neste momento em que há mais pessoas precisando de recursos do que o disponível.

"Recomendamos que, se essas decisões têm de ser tomadas porque o colapso já aconteceu, que pelo menos sejam transparentes, com base em critérios elaborados por quem tem expertise técnica, mas que também passaram por escrutínio de juristas e profissionais de bioética", explica Lara.

A ideia é que todos estejam sujeitos aos mesmos critérios, de modo a evitar inconsistência ou perda de credibilidade. O protocolo foi enviado aos intensivistas do País, mas o momento atual pede a adoção pelo poder público, defende a médica. "A gente precisa compartilhar o peso dessa decisão. Ela não pode ficar somente nos ombros dos profissionais de linha de frente que estão super desgastados com a carga de trabalho e com tanto sofrimento e morte. Não é justo que eles tenham de definir isso sozinhos", diz.


FONTE: Estadão


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