quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

PSB quer quatro ministérios, mas só deverá levar dois. Flávio Dino na disputa

 


Partido do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o PSB apresentou quatro nomes para cargos de primeiro escalão no futuro governo. Após perder mais da metade das cadeiras na Câmara dos Deputados — passou de 32 para 14 parlamentares —, a avaliação de petistas, contudo, é que a sigla não deverá ocupar mais do que dois ministérios.

Caberá ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), equacionar as ambições do partido de Alckmin em meio ao quebra-cabeça da governabilidade, em que siglas com mais representatividade no Congresso terão preferência nas negociações para a formação do ministério. Como mostrou O GLOBO, a exemplo do PSB, MDB e PSD, duas das legendas que discutem a adesão ao novo governo, também têm mais candidatos a ministros do que vagas disponíveis.

Na tarde de ontem, a cúpula do PSB se reuniu com Lula em um hotel de Brasília. Estavam presentes, além de Alckmin, o presidente do partido, Carlos Siqueira, os governadores da Paraíba, João Azevedo, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, o prefeito do Recife, João Campos, o atual líder da bancada, Bira do Pindaré (MA), e o futuro líder, Felipe Carreras (PE).

Na saída do encontro, Siqueira disse que a participação do PSB em pastas específicas não foi discutida. Segundo ele, Lula afirmou que gostaria de contar com o partido e que uma nova conversa deve ser marcada na próxima semana para definir qual ministério será destinado para a sigla.

— Ele (Lula) nos informou que vai convocar os partidos, inclusive o nosso, para discutir a montagem do governo. De maneira que hoje (ontem) não houve discussão sobre montagem do governo (…) Claro que temos expectativa de participar, e nós deixamos isso bem claro, e ele tem expectativa de contar com o PSB também. Mas não fizemos qualquer indicação de nomes.

O presidente do PSB reafirmou que o partido gostaria de ocupar o Ministério das Cidades. Lideranças petistas, porém, acreditam que essa pasta deve ser destinada a um partido com bancada maior.

O nome do PSB que desponta como mais força para ocupar uma cadeira no primeiro escalão de Lula é o do senador eleito Flavio Dino (MA), favorito para ocupar o Ministério da Justiça e Segurança Pública e próximo ao petista. O ex-governador de São Paulo Márcio França, por sua vez, trabalha para assumir o Ministério das Cidades.

Na semana passada, articulou uma carta de apoio do partido para a indicação ao cargo divulgada em um jantar com a presença de Alckmin em Brasília. Com força política mais modesta dentro da sigla, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o deputado federal Marcelo Freixo (RJ) tentam se cacifar para postos de destaque, como o Ministério do Turismo.

Por ter encolhido na Câmara, o PSB perde força nas negociações. O presidente eleito deve focar a montagem do seu primeiro escalão mirando na construção de uma base sólida no Congresso, o que o fará ceder espaço para legendas que terão bancadas mais robustas. É o caso do MDB (42 deputados e 10 senadores), PSD (42 deputados e 11 senadores) e União Brasil (59 deputados e 10 senadores).

Por essa lógica, auxiliares de Lula afirmam que o PSB terá espaço na Esplanada “na justa medida do seu tamanho, nem mais, nem menos”. A interlocutores, o presidente eleito afirmou recentemente que não existe cota pessoal dele para a escolha de ministro. E que, a se confirmar Dino na Justiça, entrará como nome do PSB. A afirmação de Lula contraria um dos principais argumentos de integrantes do partido para tentar conquistar um espaço maior.

O senador eleito é considerado como nome praticamente certo no Ministério de Lula. Além de liderar as discussões do grupo de trabalho de Justiça e Segurança Pública na transição, Dino tem a confiança de Lula e ouviu do presidente eleito, ainda durante a campanha, que faria parte de sua equipe.

França conta com o apoio do núcleo duro do PSB, como Siqueira, João Campos e Casagrande. É próximo de Alckmin e foi um dos responsáveis por articular a aproximação do ex-tucano com Lula. Logo após a vitória do petista, vinha sendo lembrado como nome para Ciência e Tecnologia ou Indústria e Comércio. Nas últimas semanas, passou a mirar Cidades, pasta que tem mais capilaridade nacional e visibilidade política.

Já Paulo Câmara se aproximou de Lula no processo de construção da chapa de Danilo Cabral (PSB) ao governo de Pernambuco e Teresa Leitão (PT) ao Senado — dentro dessa costura, Câmara abriu mão da disputa ao Congresso.

O PSB tem preferência por comandar ministérios que executem políticas públicas com impacto direto na população. Nesse contexto, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) passou a ser cobiçada e considerada um posto para Câmara.

Petistas e pessebistas mais pragmáticos veem o Ministério das Cidades como grande demais para a tamanho da sigla a partir de 2023, uma vez que Dino deverá comandar Justiça e Segurança Pública. As pastas do Turismo e Ciência e Tecnologia são consideradas alternativas mais factíveis à representatividade da legenda.


Fonte: O Globo

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